domingo, 14 de agosto de 2011

Casos de linfoma têm cresciment

Casos de linfoma têm cresciment

Dr. Ayder Vivi, médico especialista em oncologia em Catanduva

Semana passada as pessoas ficaram sensibilizadas ao saber que o ator Reynaldo Gianecchini estava com linfoma não Hodgkin. O tema então passou a despertar a atenção de muitos e também gerou preocupação pela jovialidade e aparência saudável do ator. O caso de Gianecchini foi confirmado após biópsia.

Segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), o número de novos casos duplicou nos últimos 25 anos. Só no Brasil os dados referentes a 2009 apontam para 9.100 casos registrados apenas naquele ano. Segundo a literatura média, o índice de crescimento ao ano é de 3% a 4%.

Mas antes de desvendar os mistérios dessa doença, é preciso entendê-la melhor. Segundo Ayder Vivi, oncologista de Catanduva, linfoma é um termo usado para designar os tumores cancerígenos no sistema linfático, formados por vasos finos e gânglios (linfonodos) que atuam, sobretudo, na defesa do organismo levando nutrientes e água às células e retirando resíduos e bactérias. É considerada, atualmente, uma doença de bom prognóstico, ou seja, que apresenta boas possibilidades de ser diagnosticada e receber tratamento adequado pelas características que apresenta. “Antigamente os linfomas eram bastante temidos, pois não havia tecnologias tão modernas e havia limitações quanto à qualidade e quantidade dos agentes quimioterápicos bem como dos tratamentos e outros complementares. Atualmente estudos como imunohistoquimicos e citogenêticos podem apontar o diagnóstico e tratamento mais adequados”. A classificação correta, sobretudo dos não Hodgkin depende desses exames específicos.

Há muitos tipos de linfomas, mas eles podem ser classificados em duas grandes categorias: Hodgkin e não Hodgkin, e, posteriormente, dentro dessas categorias, são divididos em muitos subtipos. A principal diferença entre eles está no tipo de célula detectada no exame patológico usado para diagnosticar a doença.

As maneiras de diagnósticos mais comuns são através do exame Histopatológico (biopsia) de gânglios linfáticos bastante aumentados. Esses gânglios podem estar localizados nas mais diversas cadeias ganglionares do organismo internas ou externas e em alguns tipos não necessariamente os linfonodos são acometidos, mas sim alguns órgãos internos.

Por isso é preciso estar atentos com sintomas como: aumento dos linfonodos do pescoço, axilas e/ou virilha; sudorese noturna excessiva; febre; prurido (coceira na pele); e perda de peso inexplicada. E a lista pode incluir outros sintomas que dependem da localização do tumor. Um exemplo é que se a doença ocorre na região do tórax, por exemplo, os sintomas podem ser de tosse, falta de ar e dor torácica. No abdome: obstruções intestinais, grandes massas ou abaulamentos palpáveis. Ou seja, podem variar de dores localizadas a outros incômodos específicos na região afetada.

Apalpar o pescoço, axilas e virilha é uma das maneiras indicadas de auto-exame, mas como já mencionado, o linfoma pode estar presente em regiões que não são possíveis de identificar com o toque, por serem muito internas. Assim, apesar de ser eficiente em alguns casos, o auto-exame não deve ser considerado a única forma de se diagnosticar as pessoas com sintomas; sempre devem procurar a orientação de um profissional da saúde.

O médico Ayder Vivi recomenda como método preventivo uma dieta rica em verduras e frutas, pois elas podem ter efeito protetor conta o desenvolvimento de linfomas, mas ele alerta que apesar de ajudarem, não existem formas de prevenções comprovadas.

A doença pode acometer pessoas de todas as idades, mas os subtipos histológicos podem variar de acordo com a faixa etária. No caso do linfoma de Hodgkin, a freqüência é menor e atinge em sua maioria, jovens e pessoas de meia idade. Já o não Hodgkin corresponde a aproximadamente 90% dos casos de linfoma, e atinge, sobretudo, pessoas acima de 55 anos. Crianças geralmente são mais atingidas por linfomas intra-abdominais, não necessariamente ganglionares, que costumam ter excelente prognóstico. Apesar da maior frequência em algumas faixas etárias, todos os tipos de linfoma podem acometer as mais diversas faixas etárias.

Segundo o oncologista Ayder Vivi, o tratamento normalmente é realizado através de quimioterapia, outras vezes quimioterapia mais radioterapia, e raramente em alguns casos se faz necessário tratamentos mais complexos. Como imunoterapia, anticorpos monoclonais, terapia gênica, especifica ou ate mesmo transplante de medula óssea (TMO).

As chances de recuperação da doença atualmente são muito boas. Os linfomas são lesões malignas e existem os mais sensíveis aos medicamentos e os menos sensíveis, isso depende do tipo histológico e suas diversas classificações. “Os linfomas considerados de alto grau de malignidade são os que geralmente respondem melhor ao tratamento. Os linfomas que antigamente eram chamados de baixo grau de malignidade, e hoje chamados “indolent grade”, são os que respondem de pior forma, sendo os de tratamentos mais longos e por vezes de cura improvável”, segundo Vivi. Que também afirma que Catanduva, assim como outras cidades do interior, tem condições de oferecer tratamento para a doença. Em casos excepcionais, que apresentam mudanças durante o tratamento e muitas vezes necessitam de um centro com estrutura para TMO (Transplante de medula óssea), há necessidade transferência para outras cidades com mais recursos. Ainda segundo Vivi, em sua clínica foram diagnosticados muitos casos de linfomas e o índice de cura é bastante elevado.

Embora com muitas informações sobre o tema, os médicos ainda pesquisam e se questionam sobre as causas de ocorrência da doença. Alguns médicos acreditam que o envelhecimento da população pode estar entre o grande número de ocorrências no país. Outros relacionam uma pequena parcela de casos com a imunodeficiência. Pois pacientes que passam por tratamentos contra doenças autoimunes, em preparações para transplantes de órgãos ou que sejam portadores do vírus da AIDS são classificados com uma classe de risco maior. “E, surpreendentemente, alguns pesquisadores estão investigando o relacionamento de causas ambientais com a ocorrência da doença. O uso de pesticidas e solventes poderia influenciar o aparecimento de novos casos. Mas apesar das muitas hipóteses e pesquisas não há causa confirmada para a doença, e nem mesmo a soma de todas essas causas citadas poderiam explicar”.

Segundo Vivi, “não há necessidade para grandes sustos ou sobressaltos da população. Um acompanhamento periódico de um médico para verificar as causas de dores, febres, e outros incômodos é ideal para o diagnostico precoce não só do linfoma, mas de outras complicações”.

Apesar de a doença estar sendo divulgada mais diretamente na mídia desde a última semana, ela já tem casos de ocorrências há anos, e não é preciso que a população se desespere, e nem se afobe com as informações.



Artistas conhecidos da grande mídia aderiram a um movimento em prol do diagnóstico precoce de linfomas. A iniciativa é conhecida como “Movimento contra o linfoma”, e traz como frade tema: “Se toca. Quanto antes você descobrir melhor.” Com um site (www.movimentocontraolinfoma.com.br) e até mesmo um telefone de informações 0800 773 9973, o movimento objetiva conscientizar as pessoas do auto-exame e da busca por um médico assim que suspeitarem da ocorrência da doença.

A campanha conta com artistas como Lima Duarte e Drica Morais. A atriz já teve a doença e ainda tem que tomar alguns cuidados para sua recuperação. No caso da atriz foi necessário um transplante.

Provavelmente o próximo ator a aderir ao movimento seja o galã Reynaldo Gianecchini, mas por enquanto isso são só especulações.

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